Revista eletrônica de Anatomia & Ciências. v.5,n.2,p.1,(Jul-Dez).2015

Revista eletrônica de Anatomia & Ciências.v.5,n.2,p.1,(Jul-Dez).2015

RELATO DE ESTUDO UTILIZANDO MODELOS ANATÔMICOS PELA TÉCNICA DE BISCUIT

Reported study  using the technique of anatomical models Biscuit

Simões,LS.-Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres- FMVZ-USP. simoesls@usp.br 

Boldrini,S.C.-Doutora em Ciências Morfofuncionais do ICBUSP

Sasahara,T.-Pós-doutoranda (PNPD-CAPES) do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias- UNESP- Jaboticabal.

Leal,L.M.-Doutorando do Programa de Pós-graduação em Cirurgia Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias- UNESP- Jaboticabal. leonardo.vet@hotmail.com

Machado,M.R.F.-Professor Adjunto III do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias- UNESP- Jaboticabal e Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1C. marcia.machado@gmail.com.br 

Miglino,M.A.-Professor Titular do departamento de anatomia dos animais domésticos e Silvestres FMVZUSP. miglino@usp.br 

Resumo
A anatomia possui um conteúdo valioso o, que consiste de um complexo vasto de conhecimentos que nos familiariza com os mais diminutos pormenores do maravilhoso organismo Humano, porém o material didático de Anatomia Humana em instituições particulares de ensino superior é precário tanto cadavérico como sintético para realização de aulas práticas, o que torna o aprendizado da mesma complicado, pois a prática é essencial para a visualização e compreensão das estruturas anatômica. A construção de peças anatômicas em biscuit pelos próprios alunos sob a orientação do professor poderá solucionar, pelo menos em parte o problema, permite que os alunos após amplo conhecimento teórico possam construir a estrutura, e correlacionar formar, volume e localização, tornando-os agentes protagonistas no aprendizado, bem como, as aulas práticas mais dinâmicas e interativas, embora não substitua a utilização da peça anatômica no aprendizado.
Palavras Chaves: Ensino de Anatomia; Modelos Anatômicos,Biscuit

Abstract
The anatomy has the valuable content, which consists of a vast complex of knowledge that familiarizes us with the most minute details of the wonderful human organism, but the courseware of Human Anatomy in private institutions of higher education is precarious for both cadaveric and synthetic realization practical classes, which makes learning the same complicated, because the practice is essential to the visualization and understanding of anatomical structures. The construction of anatomical parts in biscuit by the students themselves under the guidance of the teacher may solve at least part of the problem, allows students after extensive theoretical knowledge to build the structure, and correlate form, volume and location, making them agents protagonists in learning, as well as the more dynamic and interactive practical sessions, though not replace the use of anatomical specimens in learning.
Key words: Teaching Anatomy; Anatomical, Biscuit models

Introdução
O corpo humano sempre foi objeto de desejo do conhecimento, mas, nem sempre esteve disponível para o estudo através da dissecção. A partir do século III a dissecção foi proibida pela Igreja por considerar um sacrilégio dissecar cadáveres humanos considerando sua alma e toda questão religiosa envolvendo indivíduo falecido assim os conhecimentos anatômicos eram obtidos através de dissecções em animais e transportados para humanos permanecendo até o século XVII.
A partir da Renascença, a dissecção de cadáveres humanos foi permitida e a disciplina de Anatomia, agora incluída no currículo médico desenvolveu-se muito durante os séculos seguintes. O estudo da Anatomia em franco desenvolvimento acarretou a falta de cadáveres que muitas vezes foi contornada por meio ilícitos, este fato levou muitos países a criar leis para a doação de cadáveres com fins de estudos e pesquisa.
No Brasil existe a lei federal nº 8501/1992, que regulamenta a doação dos cadáveres, mas apesar da lei, a escassez do mesmo e de peças cadavéricas isoladas e ossos é uma constante nos Institutos de Ensino, bem como a comercialização de materiais sintéticos devido seu alto custo, tal escassez de material faz com que os responsáveis reflitam sobre o assunto (Rodrigues,2005).
            As aulas teóricas são usadas como modelo expositivos, cujos principais recursos didáticos utilizados são o quadro branco, o livro didático e o projetor. Em relação as aulas práticas, podemos destacar o uso da experimentação em recursos didáticos “alternativos”, como modelos tridimensionais e materiais pedagógicos. Essas ferramentas, quando bem selecionadas e utilizadas, viabilizam a construção do conhecimento por parte do corpo discente e contribuem para a prática docente, bem como para aprendizagem significativa (Silva, A. A. et al., 2014).
            Aperfeiçoar os recursos didáticos relacionados às aulas teóricas torna-se fundamental para o direcionamento das ações estimulando a participação do aluno como sujeito ativo na construção do seu conhecimento, promovendo uma busca ativa por novas informações, o que contribui na dinâmica do processo de ensino- aprendizagem (Silva et. al.,2008).
            A utilização de técnicas anatômicas e de modelos de materiais alternativos, tais como a modelagem de estruturas é uma alternativa, tal ferramenta é valiosa para a produção de modelos anatômicos, com custo baixo e de fácil aquisição, para ser usados no processo de aprendizagem no estudo de Anatomia Humana (Silveira et al., 2004).
            O objetivo desse trabalho foi a construção de modelos anatômicos em biscuit feito pelos próprios alunos para serem utilizados em aulas práticas de anatomia dos sistemas circulatório e nervoso, sob orientação do professor e embasamento teórico, na qual os alunos relacionou a estrutura, localização, tamanho e o volume no intuito de uma aprendizagem mais significativa.

Material e Método
            As atividades práticas foram realizadas em conjunto com o professor e alunos. Inicialmente houve a formação de grupos para elaborar o modelo anatômico. Após o embasamento teórico generalidades dos sistemas: nervoso e circulatórios – vasos sanguíneos, o tema para a construção dos modelos anatômicos foi sorteado pelo professor. Para o desenvolvimento das atividades práticas cada grupo procedeu a pesquisa bibliográfica do tema por intermédio de livros didáticos da própria instituição, programas de softwares de atlas anatômicos e sites que disponibilizam aulas práticas. Para a construção dos modelos anatômicos foram utilizada, massa de biscuit-FOX em cores naturais e coloridas, isopor, cola branca, arames, latas, ladrilhos. Cada grupo construiu o modelo a partir de imagens previamente selecionadas, discutindo questões relacionadas ao volume, estruturas e proporções. Durante estas atividades foram confeccionadas peças de telencéfalo, polígonos de Willis, cerebelo, tronco encefálico, formação do nervo espinal, e distribuições: arterial e venosa.

Resultados e Discussão
Os modelos anatômicos representaram de forma clara e correta as estruturas relacionadas com cada peça pré-determinada anteriormente pelo professor. Durante as atividades foram confeccionadas as seguintes peças (Figura- 1): distribuição arterial (A), Distribuição venosa (B); (Figura-2): telencéfalo, vista superior(A), telencéfalo, vista posterior (B), corte sagital –lobos do telencéfalo (C) corte sagital(D); (Figura-3): Polígono de Willis (A), formação do nervo espinal (B), cérebro, vista superior(C), tronco encefálico, vista posterior (D), tronco encefálico, vista anterior (E).
No aspecto educacional busca-se encontrar, formas lúdicas, estimulando a criatividade, provocando inquietações sobre a possibilidade de se adquirir métodos alternativos, o qual os alunos poderão se orientar na construção dos seus próprios modelos anatômicos (Schawartz, 2004). O uso de peças anatômicas didáticas estimula o interesse dos alunos em manipulá-las e utilizá-las durante as aulas práticas (Beu et al.,2005). A participação dos alunos na construção de materiais dinamiza a aula, valoriza o aluno como agente ativo na construção de seu conhecimento, estimula a criatividade, exercita habilidades e apresenta o conteúdo de maneira diferenciada (FORNAZIERO, C. C. et al., 2010).
O material didático de Anatomia Humana em instituições particulares de ensino tanto cadavérico como sintético é precário para a realização de algumas aulas praticas em especial, para as aulas de sistema nervoso, o que torna complicado o aprendizado da mesma sendo que a pratica e essencial para a visualização e compreensão das estruturas anatômicas. Entretanto, tal escassez de material faz com que os responsáveis reflitam sobre uma possível solução (FORNAZIERO, C. C. et al.,2010). Assim, a construção de pecas anatômicas em biscuit pelos próprios alunos sob a orientação do professor poderia auxiliar no ensino e solucionar, pelo menos em parte, o problema, pois o aluno após amplo conhecimento teórico o permitiu associar volume, tamanho, localização das estrutura, desenvolvendo conceitos e,uma aprendizagem significativa.
            Portanto, que este trabalho sirva de referência para uma alternativa de material didático ao ensino de Anatomia Humana, em auxiliar as aulas práticas de docentes em instituições de ensino.

Conclusões:
Constatou-se que é preciso maior investimento, no entanto é relevante ressaltar que o professor aproveita os materiais disponíveis na instituição os mantém organizados e preservados, possibilitando durar mais tempo. A alternativa de utilizar os modelos anatômicos feitos de biscuit permite que os alunos possam construir a estrutura e, correlacionar forma, volume e localização, estimulando os sentidos da visão, tornando-os agentes protagonistas no aprendizado, bem como, as aulas práticas mais dinâmicas e interativas, embora não substitua a utilização da peça anatômica no aprendizado.

Referências:
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Silva, AA. et  al. O uso do biscuit como ferramenta complementar ao ensino de anatomia  humana: 

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Schawartz GM. Dinâmica lúdica: novos olhares. 1 ed. São Paulo: Manole, 2004.p.171. 

Figura 1
Figura 2
Figura 3